terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Afternoon...

São mais ou menos 17h. Eu acabo de chegar ao meu apartamento e o telefone toca:
“- O quê tu estás fazendo? Ele pergunta.
- Nada. Eu respondo.
- O quê você vai fazer depois que terminar de fazer nada?
- Continuar fazendo nada. Por quê?
- Eu vou a Roppongi (região metropolitana de Tokyo, onde rolam as mais variadas aventuras nas noites de fim-de-semana) ver como estão os preparativos na Brave. Quer ir?
- Já terminei de fazer nada. Te aguardo aqui em 30 minutos. (mais fácil que eu, só eu mesmo depois de umas tequilas).”

Meu amigo e eu pegamos a Tomei (auto-estrada tipo a BR no Brasil, só que com o asfalto mais bonito) em direção ao Centro de Tokyo. Uma passada no Moe’s em Shinjuku. Um rodízio no Barbacoa em Omotesando. Um boné pra combinar com a roupa na Oakley de Harajuku. Enfim, chegamos na Brave.
Uma correria pra cá. Um louco pra lá. Uma morena no bar. Um segurança pedindo a identificação. Um barman oferecendo uma bebida. Espera um pouco. Volta algumas letras. Uma morena no bar?
Vamos respeitar. Pela sandália tipo Algodoal, o banco alto e as pernas quase esticadas. Eu acredito que a altura seja mesma que a minha. Quase um metro e oitenta. Pele clara. Cabelos compridos. Tranças bem firme. Uma calça jeans e uma camiseta. Definitivamente um look bem casual, bem clean.
Sozinha no bar. Não é possível que alguém não perceba uma mulher como essa, num ambiente como esse.
O meu amigo passa ao meu lado e pergunta se eu não vou falar com ela. Como se eu estivesse louco, a ponto de cometer uma insanidade como essa.
Logo em seguida ele se vira e pergunta se ela não vai oferecer uma música a um velho amigo.
O sangue literalmente encheu as mais variadas regiões erógenas desse corpo. Definitivamente linda.
Já seria linda só pela altura (algo que me fascina) e o visual. Tinha que ter traços orientais? Os olhos claros com linhas finas e uma maquiagem quase imperceptível. O rosto fino e uma boca delineada ao tom de uma imagem criada por computador. Lábios carnudos e de aparência macia como uma avelã.
Eu já não falo bem inglês, com todo esse nervosismo, nem o português sairia bem.
Depois de instantes de conversa ela se vira e pergunta se eu estou gostando da festa. Supostamente uma ocasião para lançar o seu single (um tipo de vendagem de cd’s em que o cantor apresenta uma ou duas músicas ao público, antes do lançamento oficial) que se transformou em uma noite deveras interessante. Como eu não iria gostar? A mulher mais linda da casa vem falar comigo. Um mero plebeu diante de tamanha realeza.
A Brave lotada. Provavelmente em torno de 50 a 60 pessoas. Parece pouco, mas pra um bar no centro de Roppongi. Definitivamente é uma noite de lucros.
O coração bate forte quando ela senta bem entre mim e o meu amigo e começa a cantar. Antes de a música começar a encantar o público, ela resolve improvisar mandando um abraço a todos ali presente, em especial aos amigos de longa data que sempre tentam fazer presença e ao mais novo amigo brasileiro.
Definitivamente ela quer me enterrar em um buraco ali mesmo no meio de todo aquele pessoal.
A música Black me fascina a ponto de tentar acompanhar alguns refrões. Sem o inglês do FISK fica difícil acompanhar. (era pra ser uma piada)
As horas passam. As músicas soam como o vento. As pessoas vão e vem. Alguns drink’s aqui e ali e depois de algum tempo, chega a hora de ir embora.
Um breve momento de despedida e eis que surge o inesperado. O convite pra um jantar outro dia qualquer. A linda moça iria permanecer no país por um ou dois meses.
Convite aceito, cumprimentos entregues, sorrisos sem graça por todos os lados. E o momento de maior delírio aparece no último ato. Ao se despedir do meu amigo ela chega ao meu lado e com um beijo no rosto ela diz que foi um prazer conhecer uma pessoa tão legal e espera realmente poder nos encontrar em outra ocasião menos complicada. Gentilezas à parte. Poderia ser encarado como uma cantada. Claro. Pra um cara com o meu padrão, uma cega sorrindo seria uma cantada também.
Mais uma Smirnoff Ice e vamos embora logo antes que eu me apaixone. Quer saber?

Isso é o que se tem de melhor aqui. No Japão.

3 comentários:

  1. mais um relato maravilhoso! vc escreve muito bem, sabia? adorei mais uma vez! :)

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  2. Só assim pra eu conhecer Tokyo. Que inveja rapaz. Até hoje só conhecia a New Tokyo do Akira. Grande abraço e apareça sempre viu!

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  3. Raphaaaaaaaaaaaaaaa, meu bem

    Tô passada com teu texto. Me prendeu de uma forma que eu já tô aqui ansiosa pela continuação! hehehe

    Beijão meu amigo

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