domingo, 12 de julho de 2009

Cada caso é um caso

Se liga nessa idiotisse.
Quando eu estudava no colégio interno, eu saía nos fins de semana (coiza que poucos tinham o mesmo privilégio), comprava uns cigarros, bebidas, biscoitos, salgados até mesmo uns bonés e umas camisetas. Chegava com a muchila cheia de coizas e vendia pra os loucos que não podiam sair porque não tinham pra onde ir. Por quase o dobro do preço.
Mas nunca entorpecentes. Só alcool de vez enquando.
Mas mesmo assim fui taxado como "traficante de drogas".

A quase 4 anos eu estou fora do país.
De repente no meio de uma conversa. Eu fico sabendo que a minha vida inteira eu fui usuário de entorpecentes nivel 3 e 4 (maconha e cocaína, escala estipulada por profissionais do Governo Federal).

Eu nunca neguei e não tenho porquê negar. Sempre gostei de ecstase. Tinha música eletrônica, tinha ecstase.
Mas nunca fumei nem cheirei. Muito pelo contrário. Sempre fui a favor das campanhas anti-tabagismo. Tanto que fiz a minha mãe e o meu pai pararem de fumar cigarros.
Eu acho até mesmo que sou um fumante por amizades. Não entendeu? Eu explico. Quase todo mundo que eu conheço fuma. Se eu não posso fazê-los pararem de fumar. O geito é ficar quieto e apreciar a beleza de cheiro que a fumacinha deles me deixa na roupa e acabar por me fazer respirá-lo também.

O que mais me chateia. É que conviver por tanto tempo com umas pessoas, achando que são amigas, que são boas pessoas, honestas, direitas.
Depois de tantos anos, essas mesmas pessoas possam dizer algo desse tipo da minha pessoa.
Eu nunca fui santo e por isso não me atrevo a falar mal de ninguém (a esse respeito). Se tem alguém que curte um baseado, um mesclado, uma carreirinha, um cristal ou até mesmo uma boa e velha maria joana bolada na casca de milho, o que eu posso fazer a respeito? Creio eu que nada. Até onde possa me afetar, esse não é um problema que eu possa dizer ser meu. Certo ou errado?
Mas ainda assim eles dizem:

-"Quem? O Raphael Leite? Esse cheirava mais que aspirador de pó em dia de limpeza."

Pra alguém falar algo desse tipo a meu respeito. Só pode ser alguém que eu deva ter tido algum desentendimento muito forte. Ainda não posso acreditar que uma pessoa que andava na minha casa possa ter começado uma conversa como esta.
Se bem que chifre é o meu quase sobre-nome. Tanto já levei alguns, como já botei aos montes (na maioria das vezes devolvendo a moeda no mesmo valor, entendeu né? hehe hehe).

Sabe outra coiza que me procupa muito também, a esse respeito. É que pessoas próximas. Digo, muito, mas muito próximas mesmo, ainda conseguem ouvir algo desse tipo e acreditar. Como isso pode ser possível? Mais aberto que o livro da minha vida, só as pernas da Veridiana (essa parte foi uma piada, viu Bocão?).

E ainda tem gente que vive me perguntando, quando eu vou voltar pra Castanhal (PA)?
Primeiro que eu nem queria mais ir pra lá.
Segundo que eu nem queria mais ir pra o Brasil.

Já me chamaram de bossal, mamãezado, de tudo que se possa chamar uma pessoa que por imagem criada pelos outros. Não quer voltar pra casa porque sentiu o gostinho do dinheiro e do primeiro mundo. Merda. Pura merda. Pura babaquice.

Se eu falo que não me vejo no mesmo mundinho de antes. É porque não consigo me ver trancado em uma caverna onde todos sabem tudo de todos (ou pensam que sabem e falam aos quatro ventos tudo que querem que seja verdade).

Eu já vi o sol nascer vermelho e se pôr cor-de-rosa. Já vi o mar encher azul e secar verde. Já vi a água se movendo debaixo do bangalô, como se fosse uma jarra de água gigante. Já vi uns nativos pescarem com lança feita de tronco de árvore. Já vi festas na praia pra comemorar a chegada da primavera, deixando o povo livre de tempestades e furacões. Já vi até lugares onde houveram batalhas que fizeram incontáveis números de mortos e que hoje são solos sagrados.
Voltar pra quê. Pra ir na praça do Estrela no domingo à noite ver o som da Ichiban Sound tocar? Ou pra ir no calçadão no domingo de tarde comer algo nas barracas de cinquentinha? Talvez pra ir em uma das maravilhosas festas da Beer House em um sábado à noite? Quem sabe? Um dia talvez? Porque não?

Pode ser a vida de alguém sendo descrita aqui nesse finalzinho de texto. Mas sem querer ofender ninguém.

Não é essa vida que eu quero pra mim. Não de novo.

Desculpas se ofendi alguém com alguma parte desse texto. Mas creio que o ofendido, no final das contas, sou eu mesmo.

2 comentários:

  1. oi primo, fazia tempo que não entrava no teu blog, por varios motivos...um deles é pq estava sem um note fixo, então agora passando por aqui, vi esse teu ultimo post. Não tive como não comentar: Aqui em casa nunca chegou coisas boas a teu respeito, nao sei se tu montaste ou montaram um esteriótipo teu de um mal filho, mal carater, picareta,racker, essas coisas... + minha casa esteve e sempre estará de portas abertas para te receber. Nem que sejá para dar uma voltinha pelo BRA/PA/BEL. espero q venha nos visitar.
    Se não és nada do que dizem, não tem poquer ficar tão ofendido, isso não combina contigo. Se Castanhal não é mais para ti, posso compreender, + tem muitos lugares que podes ficar e tentar ficar bem, caso aches que em algum momento não dê mais para continuar por ai do outro lado do mundo.
    Te queremos bem e torcemos muito por ti, indepentente de tudo que digam de ti.Pois entre a gte a respeito e carinho.

    Bjos, te amo. Tua prima.
    Tainah Fagundes

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  2. Oi Rapha,
    Não tenho como calar depois de ler o teu post e sei que de certa forma se direciona a mim.
    Fiquei surpresa com tanta indignação por um comentário, que pra mim foi bobo e sem maldade. Pensei que vc morando num país de primeiro mundo, vivendo e vendo coisas e pessoas de toda parte do mundo fosse desprendido de disse-me-disse.
    Descordo de algumas coisas que vc diz e pensa, principalmente qdo se refere as pessoas de Castanhal, pois vc mesmo ainda tem uma mente provinciana pois ainda dá ouvido há opinões de pessoas de mente pequena e que não tem nada haver com sua vida. O problema não está na cidade e sim nas pessoas que vc escolheu pra ter em seu convivio.
    Lembra que sempre te falava antes de vc ir pro Japão?? "Vc não tem que dar satisfação da sua vida pra ninguém que não tenha nada haver com ela", pelo jeito isso não mudou.
    Brasil ou Japão, penso que o melhor lugar é onde se tem trabalho e pessoas boas para conviver.

    bjunda Paula.

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